Para ganhar bem, segundo as consultorias de recolocação de executivos, é preciso ser homem, alto, magro, vestir-se bem, frequentar academia de ginástica regularmente e, principalmente, que não ter tatuagens ou piercings visíveis.
Pode-se buscar explicações as mais diversas, mas o importante é que essas orientações são elaboradas a partir de pesquisas realizadas com os empregados e os empregadores que compõe o mercado nacional, ou seja, são orientações baseadas na moda entre os empregados que recebem os melhores salários no Brasil.
Os
reality shows, de certa forma, espelham essa realidade, todos, mas para facilitar a análise parece conveniente se concentrar no recém-encerrado "O Grande Perdedor" e no atualmente em cartaz "O Aprendiz 2".
O Grande perdedor é um programa de conversão de gordos, que devem se tornar magros para ganhar, é o que realmente importa, perder peso corporal em comparação com os demais e, talvez por ser conduzido pelo Silvio Santos, não sem um bucado de humilhação.
Já O aprendiz, que é conduzido pelo Roberto Justus, tem um carácter menor de humilhação do indivíduo, talvez mais por conta do estilo da produção que do argumento do programa, talvez, mas não é negável que as personagens de O aprendiz são o oposto das personagens de O grande perdedor.
As personagens de O Aprenziz estão sempre bem vestidas, bem apresentadas, talvez exatamente dentro da perspectiva que as consultorias de recolocação profissional traçam como o candidato ideal.
De um lado pode se observar a imagem do fracasso, que aceita o escárnio e humilhação públicos, de quem para vencer tem de se tornar menos pior que era em comparação com os demais, do outro a imagem do sucesso, que tenta se mostrar melhor que os demais em todos os aspéctos.
É a diferença que segrega, mas não apenas na TV, no quotidiano, quando não se atende ao modelo se está condenado a um posicionamento secundário, tal qual refletido nas pesquisas sobre renda de executivos, estes estão sempre mais dentro das normas que o resto da amostra.
E não é somente uma questão de peso, há inúmeras outras diferenças, sejam estéticas, sejam ideológicas, seja de sexo ou de sexualidade, seja de crenças, afinal não se formam as pessoas para valorizarem as diferenças.
O que será essa tal de educação para a diversidade?