10.8.05

O poder ou o poderoso

Ficam declarados sujos todos os partidos do Brasil. Se algum ainda não é comprovadamente sujo, só pode ser por um motivo: é novo "ainda na caixa". Isso por um motivo simples: qualquer partido de qualquer lugar do mundo é sujo.

Roberto Jefferson, o grande trapalhão, está ensinando isso às nossas crianças, pois é evidente que o PT não sai inteiro da lama em que está atolado e, principalmente, não sai íntegro. Acontece que o PT funcionva como ilusão necessaria à manutenção da democracia representativa.

O PT era o elemento necessário à credibilidade das instituições. O PT caiu no mar de lama, o PT é um partido como todos os outros, não há partido honesto, não há político que trabalhe pelo interesse da nação.

A questão é que não é relevante derrubar o Lula, pois o próximo presidente fará a mesma coisa, independente de agir pessoalmente ou não, a única coisa que é certa é que tera aprendido com os governos anteriores, vai corromper e ser corrompido com precaução ampliada.

O parlamentarismo, nete caso, parece um elemento adequado à retomada da ilusão necessária que falta hoje à democracia. É certo que dissolver o congresso e convocar eleições gerais agora seria perfeito para renovar a esperança, seja ela vermelha, rosa ou da cor que for.

É certo, porém, que seria tanto quanto hoje, uma forma de renovar e manter a estrutura existente, aquilo que faz com que a corrupção se mantenha, que o tráfico de influência se mantenha, que o poder de quem manda seja exercido.

É difícil saber o que seria melhor ou pior para o Brasil, manter o presidencialismo e ir desgastando a democracia mais e mais a cada geração que chega às eleições, tentar uma solução parlamentarista, que debelaria de forma menos traumática crises como essa, que não se arrastariam indefinidamente.

José Dirceu, primeiro-ministro de fato, caiu, mas não caiu todo o ministério, não foi dissolvido o Congresso, então a crise é mantida em fogo alto, quando poderia ser colocada em fogo brando, fôssemos parlamentaristas.

Essa não é, contudo, a única reforma possível, há outras, algumas mais ousadas, outras menos, mas é preciso reformar, é preciso mudar a estrutura que favorece a corrupção e não apenas substituir os corrúptos.

Pode não haver fórmula perfeita, mas é preciso se diferenciar como um recurso para que se possa permanecer em repetição. É preciso mudar para renovar a ilusão, para renovar a esperança. É preciso acreditar que a corrupção possa diminuir.