6.8.05

Quem precisa de familia real?

A rainha dos baixinhos é mãe de uma das crianças mais famosas do Brasil, a Sasha, que talvez estréia como "cantora" ao lado da mãe na comemoração dos 20 anos do programa "Criança Esperança". Talvez a "princesa" não se apresente, pois segundo Xuxa, a menina é muito temperamental.

Temperamental é o mínimo que ela tem de ser, afinal, quem não ouviu na infância: "só quer ser o filho da Xuxa" em pé de igualdade com "se acha a última Coca-Cola do deserto" não estava no Brasil nem na década de 80, nem na década de 90.

A filha da Xuxa sabe que ela é a última Coca-cola do deserto, ela sabe que é uma princesa, é tratada como uma princesa e tem uma vida de princesa. Por que ela deveria cantar no Criança Esperança? Ela não é uma princesa?

A questão é compreender por que algumas nações precisam de uma família real, tal qual a Inglaterra. Há de se convir que estabelecer reis e rainhas, princepes e princesas conforme a conveniência é muito melhor.

A Sasha, por exemplo, é princesa hoje, por ser filha da Xuxa, mas ela não necessariamente se tornará rainha com a morte da Xuxa, sua majestade pode acabar junto com a vida da mãe. Não é certo, mas pode acontecer.

Na Inglaterra, no entanto, é absolutamente necessário tolerar um principe de Gales absolutamente sem graça, que não deixa de ser príncipe quando sua ex-mulher, mas veraddeiramente princesa morre.

Se principes e princesas, reis e rainhas são necessárias, que ao menos tenham carisma para tal. É possível imaginar o Edinho posando de príncipe? Claro que não, mas o Pelé se sustenta ainda como rei.

A renovação é fundamental. Símbolos são importantes, mas a herança genética não basta para que se componha um símbolo completo, é preciso mais e, infelizmente ou felizmente, parece não ser algo que se possa ensinar.

Enfim, talvez Sasha apenas pense que precisa ir para algum país distante aproveitar o dinheiro que a mãe acumulou, talvez nem pense nada ainda, talvez nem saiba que é estupidamente rica.

Só não diga "pobre da Sasha, nem pode ser criança à vontade", que pobre é a última coisa que ela é, ela é muito é rica, não tem nada de pobre, mesmo que para se fazer um omelete tenha que se quebrar alguns ovos.